terça-feira, 29 de novembro de 2011

Na defesa de Belo Monte

     



A Usina de Belo Monte ainda gera, e vai gerar, além de energia, muita polêmica. É fácil descer a lenha. Não exige estudo e ser do meio ambiente é socialmente “legal”. Mas há dados a favor da hidrelétrica.

O mundo todo está fazendo a transição para meios de produção de energia elétrica de menor impacto ambiental. Mas enquanto o Brasil tem 90 % de sua matriz energética como renovável, a média mundial é de 18%.

Não há como negar que o país precisa se preocupar com a produção energética se quiser manter um ritmo de crescimento acelarado nos próximos anos. Até 2020 o Brasil pode se fixar como a 5ª maior economia mundial. E 70% do potencial energético nacional está na bacia do Amazonas e do Tocantins/Araguaia. Temos o terceiro maior potencial hidrelétrico do mundo.

Um dos argumentos contrários à construção da usina seria a sua capacidade média de produção de 40% e seu alto valor, próximo a R$ 30 bilhões, com 80% financiado pelo BNDES.

A média chinesa é 36%, enquanto a norte-americana é de 46%. E por que uma média aparentemente baixa? Justamente para diminuir o impacto ambiental. A usina poderia ter um lago maior e mais reservatórios, produzindo mais. Mas, daí, a agressividade seria maior.

Essa preocupação também aumentou o valor investido. Ou seja, a redução do impacto ambiental justificou uma usina mais cara e menos eficiente. Mesmo assim, como a rede nacional é integrada, principalmente com Sul e Sudeste, a produtividade de Belo Monte será complementada pelas demais.

E 70% da energia produzida vai para residências. Os outros 30% ficarão com o setores eletro-intensivos.

Quanto ao financiamento do BNDES, entenda-se: o dinheiro terá de ser pago conforme os juros contratados.

Fora isso, haveria contrapartidas socieconômicos para a região, que hoje é paupérrima.

Agora, acreditar que energia eólica e solar não tem impacto ambiental, é outra ingenuidade. Tanto os cataventos quanto os painéis, para produzir a mesma quantidade de energia, necessitariam de uma grande aérea, causando impacto ambiental. Ainda mais as baterias para armazenar a energia produzida possuem chumbo e outros elementos químicos. De qualquer forma, estamos mudando a matriz energética, mas isso não é de um dia para outro.

O que temos que discutir agora, racionalmente, é a mudança da nossa exportação de setores chamados eletrointensivos, como produção de ferro e alumínio, para produtos como maior valor agregado. Isso sim poderia reduzir a necessidade dessa produção tresloucada de energia. Mesmo assim, não adianta mandar fechar fábricas e trazer outro impacto social. A transição demanda tempo e energia.

Vamos contrapor argumentos?

Visite minha coluna no Guia do Vale Mais.

5 comentários:

Frederico A G Silva disse...

Rogério concordo que o assunto tem sido tratado sem discussão. Em um ponto ninguém tocou ainda, hidrelétricas não tem energia tão limpa assim. As emissões de metano e dióxido de carbono são bem altas, em um artigo que li o autor compara as emissões de gases da Usina de Tucuruí às emissões da cidade de São Paulo. É um ponto fora para Belo Monte. Ainda acho que a energia atômica seria muito mais útil no Brasil.

Rogério Faria disse...

Fred,

Produção de energia a custo zero não existe. O Brasil deve buscar formas mais sustentáveis, e é isso que parece estar tentando, por exemplo, com os sucessivos leilões de energia eólica. Mas ainda estamos em transição, é algo bem incipiente. Fazemos isso a um custo bem mais leve que o resto do mundo, com matriz em carvão.

Agora, energia atômica acho questionável. A princípio tem um custo menor, mas vale o risco?

Valeu por participar.

Abraço.

Frederico A G Silva disse...

Cara nem digo pelo custo, mas por tudo que ela traz. No caso se investissemos em energia atômica, teriamos que desenvolver mais tecnologia, tecnologia própria. Teriamos que ter profissionais qualificados, ou seja incentivo para produção de conhecimento. Com isso seria possível, talvez é claro, a produção de energia atômica de forma mais segura como é o caso da fusão (eu não sou físico e talvez esteja falando besteira). Bom, o caso é, o lixo produzido seria menor, só que mais danoso e mais durável, mas melhor controlado e armazenado. Não afetaria a questão do aquecimento do planeta, mas fica o grande problema da segurança. O Brasil não está em uma zona que sofre com as catástrofes que afetariam esse tipo de usina, como no caso do Japão, e os protocolos de segurança estão cada vez mais rígidos. Sei que são muitas conjunturas, mas seria um caso a se pensar seriamente já que além do problema energético teremos um problema de espaço, e um problema ecológico, e quando digo ecológico não digo apenas de preservar a mata, mas sustentável. Estamos em uma biosfera e temos relações ecológicas com os outros seres e elementos que nos fazem sobreviver. Negar isso em razão do desenvolvimento do país é um suicídio lento da humanidade, ou no caso um assassinato futuro das próximas gerações. Concordo com Belo Monte, o país precisa de energia e já para os próximos anos. O caso é que continuaremos precisando de energia, e apesar do hidropotencial nacional fica difícil a utilização se realmente comprovarmos que o lançamento de gases pelas hidrelétricas pode ser tão nocivo quanto o lançamento por qualquer outro meio de geração de energia. Espero que o debate sobre as hidrelétricas não se torne estritamente político. Espero que seja algo mais científico. Vi dois vídeos sobre Belo Monte. O dos artistas eu achei bem precário e catastrófico, e o que dizem ser do pessoal da Unicamp achei bem tendencioso e até um pouco elitista. Você viu? O que achou?
Abraços e valeu por iniciar a discussão.

Rogério Faria disse...

Fre,

Imagino que energia atômica deva estar em pauta. Acho apenas que niguém vai conseguir discutir isso agora por causa do Japão e do exemplo da Alemanha, referência nessa área, que está desativando diversas usinas. O nosso atual modelo energético ainda se mantém em razão da necessidade.

Um política de estado voltada para um ambiente mais equilibrado ecologicamente é difícil, pois não conta com a simpatia da população. As pessoas não querem o incômodo de mudar hábitos e diminuir prazeres tecnológicos. Claro que há o dever do estado de conscientização, sem afastar o nosso como cidadão.

O vídeo do pessoa da Unicamp eu não, ainda lendo algumas coisas que até pus aqui. Viu o vídeo do Nassif?

Quero ler os documentos citados neste texto aqui: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/um-dossie-a-favor-de-belo-monte . Ainda não deu.

Abraço.

Frederico A G Silva disse...

Vou ver o vídeo do Nassif, pode ser interessante para as provas de agora. O do pessoal da Unicamp(agora o cabeçalho do vídeo diz que o vídeo não expressa a opnião da Unicamp) é esse aqui: http://www.youtube.com/watch?v=gVC_Y9drhGo&feature=related, me pareceu tão tendencioso quanto o outro, mas agora pendendo pro outro lado. Realmente a questão não parece ser sobre a maneira de se produzir energia, e sim sobre a politica energética. Meu pai comentou sobre algo que ele leu sobre energia eólica que pareceu interessante, vou ver se descubro algo. Agora parece que a ONU veio criticar a política energética do país. É muito interesse atrelado. Vou dar uma olhada nesse texto também.
Abraços.

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