sábado, 29 de junho de 2013

#abelgicaacordou

 O Governo Lula/Dilma teve avanços consideráveis no campo da redução da desigualdade social. É inegável. O feito é reconhecido pela Organização das Nações Unidas - ONU, que chamou o Brasil de modelo para o mundo, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico -OCDE, por ativistas globais como Bono Vox, e, inclusive, pela maior potência capitalista mundial, os Estados Unidos. Nos últimos 15 anos, foi o país que mais avançou na redução da desigualdade, ainda não o suficiente para acabar com séculos de crueldade.

Por outro lado, embora vivamos a partir de 2008 a pior crise mundial desde 1929, apesar do crescimento baixo, continuamos a pleno emprego, com salários crescendo e inflação controlada, apesar dos alarmistas. Na era FHC, a inflação esteve na média de 9,7% no primeiro mandato e 8,8% no segundo. Com Lula foi 6,4% e 5,1%. A Dilma fica, por enquanto (dois anos), com 6,2%.

Todo esse quadro era reconhecido pela população brasileira nas pesquisas de diversos institutos até o início de junho, de causar inveja a FHC ou Lula.

Então, quem foi pras ruas? Marcelo Neri, Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, afirma: não são os mais pobres. Já se apelidou o Brasil de “Belíndia”. Teríamos aqui dentro a rica Bélgica e a miserável Índia. Neri disse que a renda dos 10% mais pobres no país cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais ricos, e que a redução da desigualdade no Brasil reduziu de maneira "muito forte" nos últimos 12 anos. Os belgas estão na rua. Essa também é a conclusão da revista Economist, o que seria um fator em comum com diversos levantes pelo mundo.

Claro que também está lá a esquerda politizada, mas esta sempre esteve mobilizada. Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, indígenas de Belo Monte, sem-teto, trabalhadores, professores, estão organizados há tempos, apanhando, sem comover ninguém. O próprio Movimento Passe Livre - MPL estava na rua desde 2005, acompanhado por partidos de extrema esquerda e movimentos sociais, até ser expulso da festa pela classe média. Porém, vinha aumentando a insatisfação deste último grupo com o distanciamento da Presidenta Dilma. Inclusive o cada vez mais pragmático modo de governar, com alianças da extrema esquerda à extrema direita só podia dar nisso: desagradar a gregos e troianos.

Essa classe média vem sendo bombardeada por Globo, Folha, Estadão, Veja, diuturnamente desde a assunção de Lula. Embora os jovens se interessem cada vez menos por essas mídias, vivem num meio altamente influenciado por elas. Hoje, o principal meio de informação é “photoshop” de Facebook, que reproduz as piores barbaridades, sem indicar fonte, e são compartilhados a mil, sem reflexão, apenas destilando ódio.

Daí, a classe média está insatisfeita com “tudo o que está aí” e se defronta com uma oposição medíocre, incapaz de representá-la, como analisa o sociólogo Marcos Coimbra na Carta Capital que está nas bancas hoje. Com tanto ódio incutido, sem saída, ataca.


Isso não tira a legitimidade das manifestações nem o mérito dos resultados que podem advir. Todos reconhecem que a saúde é péssima, a educação também, que precisamos de uma reforma política urgentemente. Trata-se apenas de uma tentativa de compreender o momento em que vivemos. E essa reflexão é obrigação daqueles que acordaram agora e dos insones. A Bélgica e a Índia formam um país só aqui.

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Grandes poderes trazem grandes responsabilidades

De repente, os políticos começam a trabalhar como se fossem algum estagiário relapso que levou esporro do patrão. Esse é o grande resultado das manifestações neste primeiro momento. Embora todos os desdobramentos ainda vão levar tempo para serem apreciados.

Da agenda positiva criada pela Presidenta Dilma em resposta ao clamor das ruas, temos algumas conquistas em andamento como os royalties do petróleo aumentando consideravelmente a verba para educação nos próximos anos, a discussão de um plano de mobilidade urbana, com mais recursos, o debate sobre a reforma política. Também o Congresso desenterrou um conjunto de projetos de interesse da sociedade e derrubou a PEC 37. O Judiciário, por sua vez, acaba de determinar a prisão do primeiro deputado federal no exercício do mandato na nossa história.

Muitos dos protestantes já voltaram pra cama. Mas têm gente que nunca mais vai conseguir pregar os olhos novamente. É outra consequência: o despertar político de boa parte dos jovens desta geração. Agora eles sabem que, se não forem ouvidos, basta gritar mais alto e juntos.

O povo viu a força que tem. É fundamental que busque informação, que debata de forma crítica o país. Essa é maior contribuição. Política se faz no dia a dia. O Brasil não pode fechar pra balanço, as mudanças têm de ocorrer com a máquina andando.

Todo poder emana do povo, está na Constituição da República. E grandes poderes trazem grandes responsabilidade, já ensinava o Tio Ben.

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