sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O papo das andorinhas

- Você usou o telefone daqui para fazer ligação particular?

- Foi.

- E quem vai pagar a conta é o dinheiro público?

- É. Foram só cinco minutos.

- Cinco seu, dois de outro, dez de mais um... Aí o contribuinte paga todas essas ligações particulares. Acha certo?

- Certo não é. Mas todo o mundo faz. Se eu não fizer, vão ser só cinco minutos a menos.

- E se ninguém fizesse isso?

- Aí eu não faria também.

- Então, por que você não começa a fazer diferente agora?

- Eu? Sozinho? Vai mudar nada.

- De repente, você começa a influenciar positivamente. Se no passado, alguém tivesse feito diferente, hoje, talvez ninguém desperdiçasse dinheiro público.

- Culpa desse alguém do passado, então.

- Mas se você mudar hoje, no futuro pode ser diferente.

- Daí eu já vou estar morto, então.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Valter enfrenta a fera

Valter, Isadora, Augusto e João Rural


De um lado, o Valter, trajando guarda-peito e picuá. Do outro, o meu tio João Rural, de câmera na mão.

Fazíamos um filme infantil sobre o rio Paraíba do Sul intitulado “O Zóio Bão”. No começo do ano passado. Nele, atuaram o Valter, no papel do Caçador de Nascentes, e o Augusto e a Natália (com a saída da Isadora), fazendo “clowns”, espécie de palhaços. Esses três integram a Cia. de Teatro Mafuá. São atores formados dentro da Fundação Cultural sob a batuta da Geralda e do Amaury.

A maior parte foi gravada em Paraibuna. Mas a primeira locação do filme foi a foz do rio, lá em São João da Barra, estado do Rio de Janeiro. O Valter tinha que fazer uma cena na qual “conversava” com uma mula. Foi hilário. Ele tratava o animal com a mesma reverência com que trataria uma onça.

- Ponha a mão na cabeça dela, Valter! Gritava o João Rural.

- Tá loco?! Ela está querendo dar o bote!

Mas onça de verdade estava rondando o Sítio do Pinhal. Um local de turismo rural, onde dormimos em Silveiras quando fomos filmar na nascente. Lá é muito agradável e acolhedor. Dois meses, três estados e 1.150 km depois do início das filmagens.

Seu Roquinho e Dona Marina, os donos, contaram que uma sussuarana solta num parque próximo havia aparecido algumas vezes rondando os quartos. Até atacara o vira-lata deles, de quase 20 anos (eles juram!), chamado Leão. Um embate de feras. A onça sobreviveu.

- Mas ela não consegue entrar com a porta trancada, né? Temeu o Valter.

- Só se você deixar a chave do lado de fora. Buliu o Seu Roquinho.

O nosso protagonista passou a noite em claro no seu apartamento. Às cinco da manhã, o João Rural foi chamá-lo para o café. Depois de socar a porta várias vezes:

- Abre logo, Valter! Sou eu!

Ele, então, abriu a porta. Olheiras profundas.

- Graças a Deus que é o senhor! Pensei que fosse outra pessoa...

A onça? Ou a mula?

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