- Você usou o telefone daqui para fazer ligação particular?
- Foi.
- E quem vai pagar a conta é o dinheiro público?
- É. Foram só cinco minutos.
- Cinco seu, dois de outro, dez de mais um... Aí o contribuinte paga todas essas ligações particulares. Acha certo?
- Certo não é. Mas todo o mundo faz. Se eu não fizer, vão ser só cinco minutos a menos.
- E se ninguém fizesse isso?
- Aí eu não faria também.
- Então, por que você não começa a fazer diferente agora?
- Eu? Sozinho? Vai mudar nada.
- De repente, você começa a influenciar positivamente. Se no passado, alguém tivesse feito diferente, hoje, talvez ninguém desperdiçasse dinheiro público.
- Culpa desse alguém do passado, então.
- Mas se você mudar hoje, no futuro pode ser diferente.
- Daí eu já vou estar morto, então.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Valter enfrenta a fera
De um lado, o Valter, trajando guarda-peito e picuá. Do outro, o meu tio João Rural, de câmera na mão.
Fazíamos um filme infantil sobre o rio Paraíba do Sul intitulado “O Zóio Bão”. No começo do ano passado. Nele, atuaram o Valter, no papel do Caçador de Nascentes, e o Augusto e a Natália (com a saída da Isadora), fazendo “clowns”, espécie de palhaços. Esses três integram a Cia. de Teatro Mafuá. São atores formados dentro da Fundação Cultural sob a batuta da Geralda e do Amaury.
A maior parte foi gravada em Paraibuna. Mas a primeira locação do filme foi a foz do rio, lá em São João da Barra, estado do Rio de Janeiro. O Valter tinha que fazer uma cena na qual “conversava” com uma mula. Foi hilário. Ele tratava o animal com a mesma reverência com que trataria uma onça.
- Ponha a mão na cabeça dela, Valter! Gritava o João Rural.
- Tá loco?! Ela está querendo dar o bote!
Mas onça de verdade estava rondando o Sítio do Pinhal. Um local de turismo rural, onde dormimos em Silveiras quando fomos filmar na nascente. Lá é muito agradável e acolhedor. Dois meses, três estados e 1.150 km depois do início das filmagens.
Seu Roquinho e Dona Marina, os donos, contaram que uma sussuarana solta num parque próximo havia aparecido algumas vezes rondando os quartos. Até atacara o vira-lata deles, de quase 20 anos (eles juram!), chamado Leão. Um embate de feras. A onça sobreviveu.
- Mas ela não consegue entrar com a porta trancada, né? Temeu o Valter.
- Só se você deixar a chave do lado de fora. Buliu o Seu Roquinho.
O nosso protagonista passou a noite em claro no seu apartamento. Às cinco da manhã, o João Rural foi chamá-lo para o café. Depois de socar a porta várias vezes:
- Abre logo, Valter! Sou eu!
Ele, então, abriu a porta. Olheiras profundas.
- Graças a Deus que é o senhor! Pensei que fosse outra pessoa...
A onça? Ou a mula?
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