quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ola-la-ê, vão censurar o carnaval, ô, ô, ô


Os foliões pedem Mozart na avenida. Talvez uma discussão sobre Proust na matinê. E, quem sabe?, a cidade decorada com a obra da fase cubista ou (verde e) rosa de Picasso. Um baita Carnaval cultural, não? Talvez aqueles mais pretensiosos que nós tenham gostado da ideia. Eu acho que ficaria um pouco sem graça (mas vai ter cerveja, né?).

Todo o ano volta a mesma discussão: música de “qualidade” no carnaval. Aí, ingenuamente, os pretensos cultos tentam desqualificar os ritmos mais populares, acreditando ter a capacidade de julgar o que é cultura para o carnaval. O debate não é ruim, o erro está em se desejar censurar o carnaval.

A festa é um misto de lazer e cultura. Ambos são direitos constitucionais, e têm de ser respeitados. E o lazer pode ser algo descompromissado. Mas nada melhor do que a elite para saber como enfiar “cultura” (na verdade, mero gosto pessoal) goela abaixo no lazer do povão...

O que Paraibuna precisa discutir para o carnaval é uma identidade. Encontrada (e não fabricada) essa identidade, como política pública de cultura, naturalmente poderemos passar à transição para um carnaval que misture cultura e lazer. O êxito dependerá de ser algo tão orgânico que a ideia seja comprada pelo povo. Um processo que terá de ser feito da forma mais democrática possível.

Ou corre-se o risco de ter o melhor carnaval sem foliões da região.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A revolução será tuitada



Somos espectadores da Revolução Internética. Assim como o Iluminismo, a Industrial, atravessamos outro momento que alterará a humanidade.

Até agora, era uma evolução adstrita à tecnologia, adentrando a informação e comunicação. Entretanto, nesta década, ela será responsável pelo início de uma revolução social.

Países sufocados pela ditadura estão vendo seu regime ruir. Jovens nos países árabes, organizando-se pela internet (blogs, Twitter, Facebook), saíram às ruas para derrubar ditadores, como na Tunísia e no Egito. Isso tende a se espalhar. Vários outros países, como a Síria, sentem-se ameaçados, derrubando a internet preventivamente. Dificilmente regimes opressores conseguirão resistir a um mundo conectado.

Em paralelo, está o Wikileaks a exigir uma nova configuração do Poder. A divulgação de documentos oficialmente secretos pode ser questionável em um primeiro momento. Mas devemos observar que muito desses documentos servem para o trânsito de informações espúrias, demonstrando a imoralidade de alguns governantes. Não há como negar o acesso dessas informações ao próprio dono do Poder, o povo. Como o povo vai lidar com essa publicidade? Não se sabe, daí a revolução.

Aqui mesmo no Brasil já vimos como a internet ultrapassa barreiras. Na ocupação do Morro do Alemão, Rio de Janeiro, a população sabia o que estava acontecendo lá dentro por meio de usuários do Twitter. O Estado estava ciente de que cada passo estava sendo fiscalizado e, talvez isso, tenha contribuído para evitar o “banho de sangue”, frustrando a imprensa nativa.

Assim como os governos não-democráticos, os falsos democráticos estão ameaçados. O que surgirá a partir de agora - se a Democracia de fato será alcançada - só o tempo dirá. Uma nova reacomodação pode demorar anos, até décadas.

Seremos apenas espectadores da Revolução Internética?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Baixo retorno político


2/2/2011

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Na avaliação do senso comum, educação e politização andam de mãos dadas. Para a elite brasileira – de acordo com pesquisas de opinião –, o aumento da escolaridade da população tem o poder de gerar cidadãos que participam mais da vida política do país e que valorizam mais a democracia. Mas um novo estudo mostra que essa visão não corresponde à realidade.

A pesquisa de doutorado de Rogério Schlegel, defendida no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), utilizou análises estatísticas para interpretar os dados de pesquisas de opinião realizadas entre 1989 e 2006. O trabalho concluiu que a educação brasileira está trazendo ganhos decrescentes em termos políticos.

“O estudo mostrou que os cidadãos mais escolarizados já não se tornam tão participativos e democráticos como ocorria há duas décadas. O maior nível de escolaridade ainda diferencia os cidadãos, mas essa diferença encolheu muito em 20 anos – isto é, os retornos políticos da educação têm sido decrescentes no Brasil. Em alguns quesitos de participação e apoio à democracia, a diferença entre os mais e os menos escolarizados chega a ser inexistente”, disse Schlegel à Agência FAPESP.

Íntegra.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O direito do surdo à língua própria


A aquisição da língua de sinais pela criança surda é fundamental para seu desenvolvimento pessoal e social pleno. Além de se tratar naturalmente da primeira língua, ela é meio essencial para que o surdo se comunique através da língua oficial da sociedade ouvinte. Somente respeitado o direito à comunicação plena é que o surdo se integrará à sociedade, adquirindo outros direitos e assumindo deveres como o cidadão que é.

Há polêmica no reconhecimento da língua de sinais como a primeira língua da comunidade surda. Mas a resistência é vencida quando se atenta à diferenciação entre o surdo e o deficiente auditivo.

O deficiente é aquele que possui uma perda auditiva leve ou moderada. A esse é possível a correção, inclusive por próteses. Tem-se então à mão, para inserção social desses indivíduos o processo de oralização, buscando se desenvolver a fala. É o surdo oralizado. A língua de sinais pode ser utilizada de forma auxiliar.

O surdo é aquele portador de perda auditiva severa, profunda, incapaz de falar. Esse se apoia na visualização como meio de comunicação. Aí não há outro processo que não seja a sinalização. A língua de sinais será essencial.

Logo, visto que a gestualização é natural, e imprescindível, ao completamente surdo, é necessário que haja uma padronização dos sinais a se possibilitar a comunicação plena dentro de uma sociedade, evitando-se um “Torre de Babel”. Surge uma língua própria. A língua de sinais.

A língua de sinais assim é entendida por possuir sintaxe, gramática e semântica próprias, que a diferenciam da língua oral, sendo tão complexa e expressiva quanto. Ela inclusive terá diferenças vinculadas à nacionalidade e regionalidade, assim como a oral.

Fundamental que esse desenvolvimento se dê a partir dos primeiros anos de vida, para que se torne uma língua natural ao indivíduo. Preocupação que será maior entre pais ouvintes, os quais devem se esforçar no sentido de colocar a criança em contato frequente com a comunidade surda. É essa plenitude de comunicação que permitirá que a criança adquira concomitantemente a língua dos ouvintes, tornando-se bilíngue.

Assim, é a capacidade de compreender e se fazer compreender plenamente que possibilitará a integração social do surdo. Ao se comunicar, o surdo, além do seu pleno desenvolvimento humano, perde a pecha de “deficiente mental”, atribuída por uma sociedade preconceituosa, que o vê, inclusive legalmente, como absolutamente incapaz.

Referências

DIRZEU, Liliane Correia Toscano de Brito. CAPORALI, Sueli Aparecida. A língua de sinais constituindo o surdo como sujeito. Acesso em 20 jan. 2011.
PORTAL DA EDUCAÇÃO. Curso de Libras. Acesso em 20 jan. 2011.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Política pelos apolíticos


Reina uma apatia política em Paraibuna somente quebrada às vésperas de eleição municipal. Isso é sintoma de uma democracia subdesenvolvida, carente de cidadania.

A atual situação política possui tanta força que é proibido criticar. O mais grave é que esse simplismo político não é exclusivo dos mandatários, mas é dos próprios co-cidadãos.

Contestar a qualidade de um determinado serviço público é o que basta para ser rotulado. Pior, iniciativas de caráter social – alheias a qualquer viés “partidário” ou ambição de poder – ou requerimento de direitos, sem pertencer ao Grupo, é “pedir” para ser taxado. E, em razão disso, sofrer toda sorte de pressão e desestímulos.

A causa e consequência é a ausência de atuação cidadã juntamente com a inexistência de uma oposição sadia. Isso é péssimo para a construção da democracia. Paraibuna fica politicamente estagnada no século passado.

É claro que a culpa não é simplesmente dos mandatários. A responsabilidade atinge toda a sociedade, cada estrato. Peca o cidadão alienado e o resignado, peca a situação autista, peca a oposição desestruturada e a oportunista (à espera da “largada” para a disputa do poder).

A esperança é que chegue a vez desta pequena cidade; assim como o Brasil vem evoluindo neste aspecto desde 1985/88, claro que lentamente e com seus percalços. O caminho para a politização, no seu sentido mais nobre, está na educação social e moral.

Receba as atualizações do meu blog no conforto do seu e-mail!

Digite o seu endereço de e-mail e clique em "Subscribe":

Delivered by FeedBurner