segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A arte de não ler





Bem, segue-se uma trilogia sobre leitura, que se encerra aqui – acho. Já tratei da importância de ler em “Leia este texto” e sobre a profundidade que nos permite a leitura em “Triste figura”. Agora trato aqui sobre não ler. É tanta coisa, e tanta porcaria, que temos de ser seletivos. Não que não exista a leitura por prazer, mas se limitar a isso, é subestimar tudo o que podemos aprender com um bom livro.

O livrinho da L&PM Pocket “A Arte de Escrever” traz alguns ensaios de Schopenhauer, filósofo alemão, retirados de “Parerga e Paralipomena” - uma das obras mais importantes do pensador, publicada originalmente em 1851.


Literatura para os tolos

Foram interessantes, embora, às vezes exageradas – na minha (talvez não o suficiente) humilde opinião – algumas reflexões que ele fez sobre o ato de pensar, a escrita, a leitura e o mundo erudito de sua época.

Na medida, achei a seguinte frase dele:
Por isso é tão importante, em relação ao nosso hábito de leitura, a arte de não ler. Ela consiste na atitude de não escolher para ler o que, a cada momento determinado, constitui a ocupação do grande público; por exemplo, panfletos políticos e literários, romances, poesia etc., que causam rebuliço justamente naquele momento e chegam a ter várias edições em seu primeiro e último ano de vida. Basta no lembrarmos de que, em geral, quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público, a fim de que nosso tempo destinado à leitura, que costuma ser escasso, seja voltado exclusivamente para as obras dos grandes espíritos de todos os tempos e povos, para os homens que se destacam em relação ao resto da humanidade e que são apontados, como tais pela voz da notoriedade. Apenas esses espírito realmente educam e forma os demais.”

É por isso que devemos ter certo receio com os best-sellers; vendem, viram filmes e acrescentam algo? Tantos clássicos para serem lidos, tantas obras grandiosas e tão pouco tempo...


Clássicos e descartáveis

Claro que não vou determinar o quê alguém deva ler, é um critério seletivo pessoal (talvez insipiente...). Lembro-me de uma vez que arrisquei ler “O Iluminado”, de Stephen King... - enredo pessimamennte desenvolvido, personagens pobres demais, coisa porca, mesmo.

Recentemente andei me enveredando por outras obras mais recentes. Novamente não deu. Tenho preferido clássicos universais. É fantástico ler um “Morro dos ventos uivantes” ou “Tocaia Grande”. Realmente, obras que marcam.

Mais importante ainda que ler clássicos, ou assistir a clássicos (aqui falando de cinema), é entender porquê eles devem ser lidos ou assistidos. Além do prazer que a leitura deve despertar, ela tem que trazer reflexão.

Chega de divagações: “Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados.

Parerga e Paralipomena significa algo como Acessórios e Remanescentes.

Schopenhauer, Arthur. A arte de escrever / Arthur Schopenhauer; tradução, organização, prefácio e notas de Pedro Süssekind. - Porto Alegre: L&PM, 2006.

VISITE minha coluna no Guia do Valemais!

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