Bem, segue-se uma trilogia sobre leitura, que se encerra aqui –
acho. Já tratei da importância de ler em “Leia este texto” e
sobre a profundidade que nos permite a leitura em “Triste figura”.
Agora trato aqui sobre não ler. É tanta coisa, e tanta porcaria,
que temos de ser seletivos. Não que não exista a leitura por
prazer, mas se limitar a isso, é subestimar tudo o que podemos
aprender com um bom livro.
O livrinho da L&PM Pocket “A Arte de Escrever” traz alguns
ensaios de Schopenhauer, filósofo alemão, retirados de
“Parerga e Paralipomena” - uma das obras mais importantes do
pensador, publicada originalmente em 1851.
Literatura para os tolos
Foram interessantes, embora, às vezes exageradas – na minha
(talvez não o suficiente) humilde opinião – algumas reflexões
que ele fez sobre o ato de pensar, a escrita, a leitura e o mundo
erudito de sua época.
Na medida, achei a seguinte frase dele:
“Por isso é tão importante, em relação ao nosso hábito de leitura, a arte de não ler. Ela consiste na atitude de não escolher para ler o que, a cada momento determinado, constitui a ocupação do grande público; por exemplo, panfletos políticos e literários, romances, poesia etc., que causam rebuliço justamente naquele momento e chegam a ter várias edições em seu primeiro e último ano de vida. Basta no lembrarmos de que, em geral, quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público, a fim de que nosso tempo destinado à leitura, que costuma ser escasso, seja voltado exclusivamente para as obras dos grandes espíritos de todos os tempos e povos, para os homens que se destacam em relação ao resto da humanidade e que são apontados, como tais pela voz da notoriedade. Apenas esses espírito realmente educam e forma os demais.”
É por isso que devemos ter certo receio com os best-sellers;
vendem, viram filmes e acrescentam algo? Tantos clássicos para serem
lidos, tantas obras grandiosas e tão pouco tempo...
Clássicos e descartáveis
Claro que não vou determinar o quê alguém deva ler, é um critério
seletivo pessoal (talvez insipiente...). Lembro-me de uma vez que
arrisquei ler “O Iluminado”, de Stephen King... - enredo
pessimamennte desenvolvido, personagens pobres demais, coisa porca,
mesmo.
Recentemente andei me enveredando por outras obras mais recentes.
Novamente não deu. Tenho preferido clássicos universais. É
fantástico ler um “Morro dos ventos uivantes” ou “Tocaia
Grande”. Realmente, obras que marcam.
Mais importante ainda que ler clássicos, ou assistir a clássicos
(aqui falando de cinema), é entender porquê eles devem ser lidos ou
assistidos. Além do prazer que a leitura deve despertar, ela tem que
trazer reflexão.
Chega de divagações: “Para ler o que é bom uma condição é
não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são
limitados.”
Parerga e Paralipomena significa algo como Acessórios e Remanescentes.
Schopenhauer, Arthur. A arte de escrever / Arthur Schopenhauer; tradução, organização, prefácio e notas de Pedro Süssekind. - Porto Alegre: L&PM, 2006.
VISITE minha coluna no Guia do Valemais!
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