terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Privatas do Caribe - A maldição das terras tupiniquins





O livro “A Privataria Tucana”, que em 15 dias de lançamento já atingiu a tiragem de 120 mil exemplares, é um dos fenômenos editoriais brasileiros. Um best seller. E, provavelmente, você que assiste ao Jornal Nacional, lê a Veja e assina a Folha de São Paulo nem ouviu falar.

Os documentos reunidos na obra pelo premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr. permitiram ao autor concluir pela lavagem de dinheiro promovida por altos dirigentes do PSDB e parentes de políticos como José Serram (tudo giraria em torno dele), envolvendo ainda o onipresente Daniel Dantas, a partir das privatizações da década de noventa - governo FHC. As privatizações teriam favorecido tucanos e parentes, através do uso, por exemplo da estrutura do Banco do Brasil e do PREVI, por meio de propinas e desvios de verbas públicas, deixando ao povo brasileiro um prejuízo incalculável. Nós praticamente pagamos para vender o nosso patrimônio, muito mais do que recebemos.

Um dos méritos do livro está na clareza e didatismo com os quais consegue explicar o percurso da lavagem de dinheiro, o funcionamento de empresas “off shores”, a confusão intencional provocada pela abertura de diversas empresas de fachadas com nomes similares. Também explica e cita os nomes envolvidos, segundo o autor, no que ficou conhecido como a fábrica de dossiês de Serra, que visava a atingir, inclusive, correligionários. Como relata o jornalista, tudo começou quando ele investigava para o grupo de Aécio arapongagem da trupe de Serra, que almejava se tornar o candidato tucano à presidência em 2010 na marra.

Ao final, Ribeiro Jr. narra os bastidores das eleições presidencias em 2010. Conta a arapuca que teria sido armada pelo próprio PT, numa disputa interna São Paulo X Minas Gerais, e como a oposição se aproveitou disso, inclusive para queimá-lo, manipulando a mídia tradicional. Na época, o autor foi indiciado por quebra de sigilo do pessoal citado no livro. Mas, como ele sustenta, tudo é armação, levantando suspeitas contra a própria polícia federal, pois sua pesquisa é legal, baseada em documentos públicos.

A grande questão que o livro traz, além do butim bilionário obtido pelos privatas tucanos com as privatizações, segundo o autor, é a cooptação midiática. Nenhum desses meios tradicionais tratou com o devido destaque o livro que figura em qualquer lista dos mais vendidos. Ele merece ser defendido ou atacado à altura dos documentos trazidos. As partes lá denunciadas, pelas suas condutas públicas, devem explicações. Sem descambar para o "Fla X Flu" tradicional do nosso debate político.

O que dizer desse silêncio depois dos alardes de escandâlos da tapioca, ficha falsa da Dilma, doações da FARC ao PT desmentidas, criminosos derrubando alguns ministros com acusações até agora não comprovadas, gravações nunca mostradas, bolinhas de papel que pesam toneladas?

A mídia tradicional não pauta mais nada além da sua restrita elite branca, que na ilha da fantasia tem uma visão política e social embaçada por uma ingênua miopia maniqueísta.

Um comentário:

Anônimo disse...

O mais triste é que toda essa parafernália já era comentada enquanto ocorria as privatizações na década de 90. E mais triste ainda é que não vai dar nada pra essa cambada de salafrários, ladrões do patrimonio nacional.
jotave

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