O livro “A Privataria Tucana”, que em 15 dias de lançamento já
atingiu a tiragem de 120 mil exemplares, é um dos fenômenos
editoriais brasileiros. Um best seller. E, provavelmente, você que
assiste ao Jornal Nacional, lê a Veja e assina a Folha de São Paulo
nem ouviu falar.
Os documentos reunidos na obra pelo premiado jornalista Amaury
Ribeiro Jr. permitiram ao autor concluir pela lavagem de dinheiro
promovida por altos dirigentes do PSDB e parentes de políticos como
José Serram (tudo giraria em torno dele), envolvendo ainda o
onipresente Daniel Dantas, a partir das privatizações da década de
noventa - governo FHC. As privatizações teriam favorecido tucanos e
parentes, através do uso, por exemplo da estrutura do Banco do
Brasil e do PREVI, por meio de propinas e desvios de verbas públicas,
deixando ao povo brasileiro um prejuízo incalculável. Nós
praticamente pagamos para vender o nosso patrimônio, muito mais do
que recebemos.
Um dos méritos do livro está na clareza e didatismo com os quais
consegue explicar o percurso da lavagem de dinheiro, o funcionamento
de empresas “off shores”, a confusão intencional provocada pela
abertura de diversas empresas de fachadas com nomes similares. Também
explica e cita os nomes envolvidos, segundo o autor, no que ficou
conhecido como a fábrica de dossiês de Serra, que visava a atingir,
inclusive, correligionários. Como relata o jornalista, tudo começou
quando ele investigava para o grupo de Aécio arapongagem da trupe de
Serra, que almejava se tornar o candidato tucano à presidência em
2010 na marra.
Ao final, Ribeiro Jr. narra os bastidores das eleições presidencias
em 2010. Conta a arapuca que teria sido armada pelo próprio PT, numa
disputa interna São Paulo X Minas Gerais, e como a oposição se
aproveitou disso, inclusive para queimá-lo, manipulando a mídia
tradicional. Na época, o autor foi indiciado por quebra de sigilo do
pessoal citado no livro. Mas, como ele sustenta, tudo é armação,
levantando suspeitas contra a própria polícia federal, pois sua
pesquisa é legal, baseada em documentos públicos.
A grande questão que o livro traz, além do butim bilionário obtido
pelos privatas tucanos com as privatizações, segundo o autor, é a
cooptação midiática. Nenhum desses meios tradicionais tratou com o
devido destaque o livro que figura em qualquer lista dos mais
vendidos. Ele merece ser defendido ou atacado à altura dos
documentos trazidos. As partes lá denunciadas, pelas suas condutas
públicas, devem explicações. Sem descambar para o "Fla X Flu" tradicional do nosso debate político.
O que dizer desse silêncio depois dos alardes de escandâlos da
tapioca, ficha falsa da Dilma, doações da FARC ao PT desmentidas,
criminosos derrubando alguns ministros com acusações até agora não
comprovadas, gravações nunca mostradas, bolinhas de papel que pesam
toneladas?
A mídia tradicional não pauta mais nada além da sua restrita elite
branca, que na ilha da fantasia tem uma visão política e social
embaçada por uma ingênua miopia maniqueísta.
Um comentário:
O mais triste é que toda essa parafernália já era comentada enquanto ocorria as privatizações na década de 90. E mais triste ainda é que não vai dar nada pra essa cambada de salafrários, ladrões do patrimonio nacional.
jotave
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