Numa das várias belas passagens da vida de Mahatma Gandhi, ele resolve
protestar durante uma votação na Índia proibida aos nativos. Época
em que a aquele país ainda era colônia inglesa. A eleição
influenciaria a vida dos hindus.
Gandhi pega seu voto e caminha em direção à urna. Um policial o
impede. Ele insiste em seu objetivo, sem violência. O agente do
estado o retira do recinto. Gandhi volta, determinado. É agredido.
Levanta-se e continua. É agredido novamente. Mais uma vez, persiste.
Leva então uma surra que o impede de se levantar. Tática de
desobediência civil. Vejo ele como a maior personalidade do século
passado, e uma das maiores de todos os tempos.
Alerto que li umas duas biografias dele há dez anos. É assim que me
lembro desse episódio em específico. Vou relê-lo qualquer dia.
O que quero dizer é que protestar, manifestar-se, tem consequências.
A infração à lei prevê penalidades. E é dever de um policial ou
juiz agir. Não defendo abusos ou injustiças do Estado, apenas
insisto que temos de ter consciência do que enfretamos. Se fossemos
policiais durante um protesto com destruição de patrimônio, como
agiríamos?
Policiais e outros agentes do Estado também são vítimas do
sistema. Muitas das vezes, porém, o foco de um protesto se vira para
eles. Sem preparo, negligência do próprio sistema, tudo descamba.
Não há limite porém ao protesto à desobediência. Dependendo da
causa que se acredita estar defendendo, vale tudo. Mas tudo tem
consequência.
Gandhi sabia disso. Daí sua resistência pacífica. Mesmo diante de
abusos, por civis ou agentes do Estado, ele não respondia com
violência, não desviava o foco para os indivíduos. Apanhou e foi
preso diversas vezes. Resistir é ser mártir. Funciona? Bem, ele
conseguiu a independência da Índia em 1947.
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