O Governo Lula/Dilma teve avanços consideráveis no campo da redução
da desigualdade social. É inegável. O feito é reconhecido pela Organização das Nações Unidas - ONU, que chamou o Brasil de
modelo para o mundo,
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico -OCDE, por ativistas globais como Bono Vox, e, inclusive, pela maior potência capitalista mundial, os Estados Unidos. Nos últimos 15 anos, foi o país que mais avançou na redução
da desigualdade, ainda não o suficiente para acabar com séculos de
crueldade.
Por outro lado, embora vivamos a partir de 2008 a pior crise mundial
desde 1929, apesar do crescimento baixo, continuamos a pleno emprego,
com salários crescendo e inflação controlada, apesar dos alarmistas. Na era FHC, a inflação esteve na média de 9,7% no primeiro
mandato e 8,8% no segundo. Com Lula foi 6,4% e 5,1%. A Dilma fica,
por enquanto (dois anos), com 6,2%.
Todo esse quadro era reconhecido pela população brasileira nas
pesquisas de diversos institutos até o início de junho, de causar
inveja a FHC ou Lula.
Então, quem foi pras ruas? Marcelo Neri, Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, afirma: não são os mais pobres. Já se apelidou o Brasil de “Belíndia”. Teríamos aqui dentro
a rica Bélgica e a miserável Índia. Neri disse que a renda dos 10%
mais pobres no país cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais
ricos, e que a redução da desigualdade no Brasil reduziu de maneira
"muito forte" nos últimos 12 anos. Os belgas estão na
rua. Essa também é a conclusão da revista Economist, o que seria
um fator em comum com diversos levantes pelo mundo.
Claro que também está lá a esquerda politizada, mas esta sempre
esteve mobilizada. Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST,
indígenas de Belo Monte, sem-teto, trabalhadores, professores, estão
organizados há tempos, apanhando, sem comover ninguém. O próprio
Movimento Passe Livre - MPL estava na rua desde 2005, acompanhado por
partidos de extrema esquerda e movimentos sociais, até ser expulso
da festa pela classe média. Porém, vinha aumentando a insatisfação
deste último grupo com o distanciamento da Presidenta Dilma.
Inclusive o cada vez mais pragmático modo de governar, com alianças
da extrema esquerda à extrema direita só podia dar nisso:
desagradar a gregos e troianos.
Essa classe média vem sendo bombardeada por Globo, Folha, Estadão,
Veja, diuturnamente desde a assunção de Lula. Embora os jovens se
interessem cada vez menos por essas mídias, vivem num meio altamente
influenciado por elas. Hoje, o principal meio de informação é
“photoshop” de Facebook, que reproduz as piores barbaridades, sem
indicar fonte, e são compartilhados a mil, sem reflexão, apenas
destilando ódio.
Daí, a classe média está insatisfeita com “tudo o que está aí”
e se defronta com uma oposição medíocre, incapaz de representá-la,
como analisa o sociólogo Marcos Coimbra na Carta Capital
que está nas bancas hoje. Com tanto ódio incutido, sem saída,
ataca.
Isso não tira a legitimidade das manifestações nem o mérito dos
resultados que podem advir. Todos reconhecem que a saúde é péssima, a educação também, que precisamos de uma reforma política urgentemente. Trata-se apenas de uma tentativa de compreender o
momento em que vivemos. E essa reflexão é obrigação daqueles que
acordaram agora e dos insones. A Bélgica e a Índia formam um país
só aqui.
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3 comentários:
incipiente é com c e não com s.
Marola,
Obrigado pelo alerta, mas existem as duas formas no dicionário, cada uma com um significado.
Abraço.
Rogério
Rogério, só não concorda com a parte onde você põe a Dilma, como responsável pela aproximação com setores de direita, isso tudo começou muito antes dentro do PT, ainda que da famosa Carta São Paulo, onde o partido dos trabalhadores assumia a responsabilidades de respeito ao capital das grandes corporações, com isso a aproximação política destes grupos, (bibelos exclusivos da direita, até então), foi natural. E para efeito de governabilidade então, nem se fale, sabemos do balcão de negócios que são as casas de leis. E o que mais me preocupa nisso tudo é que vocÊ estar começando a ressoar uma linha anti dilmistica e pro LUla, que a própria esquerda esta exalando. MAs no geral, boa análise.
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