sábado, 12 de janeiro de 2013

Santo de Paraibuna faz milagre...

Para a nossa cultura evoluir, ela precisa ser cultivada

Paraibuna tem um rico calendário de festas religiosas católicas tradicionais. Quase todo fim de semana podemos encontrar alguma. Porém, a tradição e a cultura local da cidade, muitas vezes, não se veem representadas.

Apesar de sermos um país laico, essas festas persistem por já fazerem parte da nossa cultura. Somados a isso, encontramos fiéis e festeiros devotados na organização dos eventos.


A cultura local

Nesse sentido, alguns festeiros deixaram de reconhecer a importância da cultura e da tradição no evento. O que, com o tempo, pode acarretar duas coisas: a atração de um público não conveniente e, aos poucos, o fim. Imagino que os filhos daqueles envolvidos na organização, em muitos casos, não reconhecem o valor do que os pais fazem (e nem participam). As festas trazem uma programação cada vez mais genérica, sem identidade. São bandas e músicos com ritmos de outras regiões do país que fazem sucesso na mídia naquele momento, e serviriam tanto para um rodeio, um baile formatura ou uma comilança qualquer.

Assim, para que as festas pudessem atrair e manter o povo local envolvido, seria importante valorizar a cultural local. Além dos grupos tradicionais, como o Moçambique, temos artistas de diversas vertentes na cidade, de roqueiros, músicos regionais a contadores de causos, todos de qualidade. Estes, geralmente, não estão na programação do evento.


Mais uma vez, o carnaval

Um exemplo simples, como comparação, é o carnaval paraibunense. Sem um projeto de identidade, ainda estamos patinando na organização. A atual administração passou muito tempo investindo nas bandas de axé na rodoviária até que, neste ano, teve de reconhecer o fracasso, chamando o povo e artistas locais a participarem daorganização. Por outro lado, São Luís do Paraitinga tem uma festa que, justamente pela identidade e organização, espera arrecadar R$ 18 milhões emcinco dias neste ano. Quase 40% do orçamento previsto para Paraibuna em 2013.

Se formos atrás das festas populares mais famosas e duradouras do país, inclusive religiosas, veremos que elas não se focam em artistas genéricos pra tocar. Em cada região do país, elas valorizam a sua cultura. É aquilo que temos de melhor aqui que vai atrair público, arrecadação, gerar renda local e perpetuar a festa e devoção.


O que fazer

A minha sugestão é de que os festeiros procurem a Fundação Cultural. Ela é uma entidade democrática, dirigida pelo povo organizado em comissões setoriais. Em volta dela, estão os artistas locais, jovens e tradicionais. Os artistas de Paraibuna poderiam ir ganhando espaço aos poucos nas festas, enquanto os próprios festeiros vão avaliando os resultados. A busca dessa identidade local tem o poder de unir a coletividade, valorizando o paraibunense e melhorando a qualidade dos gastos públicos. Sem esquecer o caráter religioso da festa.

O que você acha? Você concorda? Estou errado? Essa ideia não dá certo? Deixe o seu comentário.

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2 comentários:

Joel Reis disse...

Concordo,a cultura de massa amplamente difundida pela midia televisiva brasileira age como um rolo compressor sobre a cultura popular. Isso tudo também tem haver com um processo educacional que já não forma, não informa e também não prepara o indivíduo como cidadão, por isso a facilidade da substituição dos valores culturais. Mas vale uma pontuação em relação a sugestão que fez. Você sugere que a FC seja a articuladora da guestão, desse revigoramento das tradições, concordo, lá é o lugar, porém, essa mesma Instituição paga ao único funcionário gabaritado em tradições populares e artesanato( dificilmente substituível) o aviltante salário de 736,00 reais. Salário este, inferior até aos salários das secretárias da instituição.Se for para cuidar assim das tradições populares, deixa como está ou começa a mexer dentro de casa primeiro.É desrespeitoso o tratamento que essa instituição tem com o nosso único artesão e curador das tradições populares, o Roni. Artesão este, que fez por conta própria dois presépios na cidade sem apoio algum do poder público.Isso é cuidar das tradições?

Rogério Faria disse...

Joel, o seu comentário e pertinente. Mas não devemos nos perder do tema deste post, que e artistas e tradição paraibunenses nas festas. Vamos discutir a questões do tratamento dado pelas Fundação as tradições populares. Abraço.

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