Cena do filme Traffic, de Steven Soderbergh |
É absurdo como o Estado volta e meia vê o cidadão como inimigo.
Ultimamente, o que me chamou atenção é a “limpeza” da
crackolândia em São Paulo. Como disse o Secretaria de Segurança,
a estratégia consiste na “dor e sofrimento” dos usuários.
São três passos: 1) prisão dos tranficantes; 2) apreensão da
droga e aconselhamento do usuário se tratar; 3) manutenção da
estratégia. Tudo isso a cargo da polícia.
Nada contra a prisão de traficantes, mas não é trabalho nem há
preparo da polícia para aconselhamento do viciado nas ruas. A figura
do policial já sugere repressão, causando repulsa ao marginalizado.
Essa é uma imagem que a policial tem de se preocupar em trabalhar.
Mas, segundo, a polícia não é preparada para essa ação, que não
faz parte de suas atribuições. Isso compete a psicólogos,
assistentes sociais e outros profissionais.
Droga não é apenas uma questão de segurança tão somente. Envolve
saúde pública, assitência social, cultura, educação, esporte,
lazer. É muito mais complexo.
Quem aplicaria uma esratégia de “dor e sofrimento” contra um
filho ou irmão? Talvez diante do desespero, na falência total de
outros meios, antecedendo a desistência completa. O Estado está
nesta situação? Prestes a desistir?
Um excelente filme sobre o tema é Traffic, de Steve Soderbergh. Ele
trata da campanha norte-americana de “Guerra às Drogas”. O
interessante é que ele conclui que nessa guerra nossos inimigos são
nossos próprios familiares: usuários, viciados, doentes.
A crackolândia vai ficar linda em ano eleitoral. E a classe média
de São Paulo vai votar no candidato da continuidade. Onde estarão
os drogados? Talvez na sua casa.
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