terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Guerra às drogas na Crackolândia



   

Cena do filme Traffic, de Steven Soderbergh


 É absurdo como o Estado volta e meia vê o cidadão como inimigo. Ultimamente, o que me chamou atenção é a “limpeza” da crackolândia em São Paulo. Como disse o Secretaria de Segurança, a estratégia consiste na “dor e sofrimento” dos usuários.

São três passos: 1) prisão dos tranficantes; 2) apreensão da droga e aconselhamento do usuário se tratar; 3) manutenção da estratégia. Tudo isso a cargo da polícia.

Nada contra a prisão de traficantes, mas não é trabalho nem há preparo da polícia para aconselhamento do viciado nas ruas. A figura do policial já sugere repressão, causando repulsa ao marginalizado. Essa é uma imagem que a policial tem de se preocupar em trabalhar. Mas, segundo, a polícia não é preparada para essa ação, que não faz parte de suas atribuições. Isso compete a psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais.

Droga não é apenas uma questão de segurança tão somente. Envolve saúde pública, assitência social, cultura, educação, esporte, lazer. É muito mais complexo.

Quem aplicaria uma esratégia de “dor e sofrimento” contra um filho ou irmão? Talvez diante do desespero, na falência total de outros meios, antecedendo a desistência completa. O Estado está nesta situação? Prestes a desistir?

Um excelente filme sobre o tema é Traffic, de Steve Soderbergh. Ele trata da campanha norte-americana de “Guerra às Drogas”. O interessante é que ele conclui que nessa guerra nossos inimigos são nossos próprios familiares: usuários, viciados, doentes.

A crackolândia vai ficar linda em ano eleitoral. E a classe média de São Paulo vai votar no candidato da continuidade. Onde estarão os drogados? Talvez na sua casa.

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