quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A arte de "não" ler

Sabia que a atualização disso aqui acabaria por se tornar meio capenga... Mas estou de volta.

Acabei de ler alguns ensaios de Schopenhauer, filósofo alemão. Trata-se de um livrinho da L&PM Pocket, “A Arte de Escrever”, que traz alguns ensaios de “Parerga e Paralipomena” - uma das obras mais importantes do pensador, publicada originalmente em 1851.

Foram interessantes, embora, às vezes exageradas – na minha (talvez não o suficiente) humilde opinião – algumas reflexões que ele fez sobre o ato de pensar, a escrita, a leitura e o mundo erudito de sua época.

Na medida, achei a seguinte frase dele:

“Por isso é tão importante, em relação ao nosso hábito de leitura, a arte de não ler. Ela consiste na atitude de não escolher para ler o que, a cada momento determinado, constitui a ocupação do grande público; por exemplo, panfletos políticos e literários, romances, poesia etc., que causam rebuliço justamente naquele momento e chegam a ter várias edições em seu primeiro e último ano de vida. Basta no lembrarmos de que, em geral, quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público, a fim de que nosso tempo destinado à leitura, que costuma ser escasso, seja voltado exclusivamente para as obras dos grandes espíritos de todos os tempos e povos, para os homens que se destacam em relação ao resto da humanidade e que são apontados, como tais pela voz da notoriedade. Apenas esses espírito realmente educam e forma os demais.”

É por isso que sempre tenho um certo receio com os best-sellers; vendem, viram filmes e acrescentam algo? Tantos clássicos para serem lidos, tantas obras grandiosas e tão pouco tempo...

Claro que não vou determinar o quê alguém deva ler, é um critério seletivo pessoal (talvez insipiente...). Lembro-me de uma vez que arrisquei ler “O Iluminado”, de Stephen King... - enredo pessimamennte desenvolvido, personagens pobres demais, coisa porca, mesmo. Estou tentando criar coragem e ler algum Paulo Coelho... Qualquer dia.

Mais importante ainda que ler clássicos, ou assistir a clássicos (aqui falando de cinema), é entender porquê eles devem ser lidos ou assistidos. Isso é um trabalho que estou fazendo com “Cidadão Kane”; tento entender o porquê de ele encabeçar qualquer lista acadêmica de melhores filmes de todos os tempos. Um dia eu consigo!

Chega de divagações.

“Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados.”

P.S.: assim, pare de ler esse blog e vá ler algo que preste.

Parerga e Paralipomena significa algo como Acessórios e Remanescentes.

Schopenhauer, Arthur. A arte de escrever / Arthur Schopenhauer; tradução, organização, prefácio e notas de Pedro Süssekind. - Porto Alegre: L&PM, 2006.

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