O discurso anticorrupção viciou os debates partidários e sociais
sobre política. Na verdade é uma máscara para o analfabetismo
político. É fácil fugir do debate político ou terminá-lo
prematuramente com esse argumento.
Mas também é lamentável como o fim da corrupção é vendido como
remédio para todos os males sociais. Se não fosse ela, a educação
seria melhor, a saúde seria melhor, teríamos melhores salários,
seria o paraíso na Terra.
Concordo, é óbvio, que a corrupção é um mal que deveria ser
extirpado. Mas isso é conto de fadas. Ela pode ser controlada e
reprimida, através de mecanismos legais e participação social
efetiva, mas nunca eliminada. Ela é inerente à condição humana em
geral, e não exclusiva de um partido ou uma pessoa.
Assim, a corrupção é apenas um dos espectros da discussão. Cabem
aí, projeto, formação, ideologias, transparência – quem discute
isso?
Não querer discutir política por causa da corrupção, ou tê-la
como a causa de todos os males sociais, é um excelente discurso, que
transforma cidadãos preguiçosos e alienados em falsos intelectuais.
Originalmente publicado na minha coluna, Mau Humor, no Jornal Perseguição News de novembro de 2012.
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