A SUCESSÃO DA POLÍTICA PARAIBUNENSE (A INEVITÁVEL ESCOLHA)
Propor-se a um exercício de perspectivismo político é uma tarefa que demanda tempo, muita reflexão e intuições. Por isso, é demasiado precoce, em tempos de velocidade da informação, emitir, por impulso, uma opinião. Para não cometer análises precipitadas e infundadas, a preferência ao reexame das ideias que brotam impulsivas é um exercício que previne e, também, por outro lado, fortalece a argumentação. Mas, a internet é um veículo que exige um esforço de rapidez e de risco que tira do lugar confortável aqueles refletem demasiadamente e, assim, perdem o tempo do debate.
Desse modo, propor-se a esse exercício é, de um lado, deslocar-se do cotidiano, refletir e dialogar com diversas possibilidades e conjecturas e, de outro, atuar na fluidez do momento. Com esse intuito, transponho-me o limiar de leitor para escrever um comentário que propõe um exercício de tecer perspectivas de análise da política local sem apontar o caminho certeiro, mas possibilidades de conjunção.
Sendo assim, num primeiro momento, a reeleição do atual prefeito Antonio Marcos de Barros constitui o resultado de dois movimentos muito bem conhecidos: a desmobilização da oposição pós-derrota em 2008 e uma gestão com alto fluxo de recursos públicos. Deixarei para outro momento, a análise desse período transcorrido e focarei a análise no caminho pós-reeleição conforme o debate em curso.
É de conhecimento, que a abundância de recursos dos primeiros anos de governo irá declinar e cessar como previsto. O caminho descendente de toda curva ascendente chegará de maneira inevitável, se já não se iniciou com as recentes notícias de corte de gastos na Prefeitura Municipal. Mas o mais provável, no momento, é que essas notícias são o indício de que o Barros fez o que todo prefeito faz em ano eleitoral (será?) , isto é, aposta todas as fichas nos meses que antecedem o pleito promovendo a aparência de “super máquina” e, depois, inicia um processo de enxugamento dos gastos para chegar ao fim do mandato atendendo as metas fiscais. Nesse caso, a lógica pós-eleitoral é cruel: para que se preocupar com a impopularidade se o fato já se consumiu ? Para que se preocupar com a impopularidade agora, se o prefeito eleito terá mais quatro anos para reverter esse curto período de insatisfação ?
O Barros poderá fazer uma administração impopular no período pós-eleitoral e nos primeiros anos e, depois, reativar a popularidade com uma administração de benesses como estratégia política para eleição do seu sucessor ou sucessora. A tese é de que nenhuma liderança ou grupo político atuará para a perda da sua própria hegemonia política, pelo contrário, fortalecerá ainda mais o estreito laço com o poder. Aí é que mora a dúvida que cerca a sucessão. O atual prefeito e o grupo político encontrar-se-ão de saia ou calça justa ?
De um lado, o grupo vê surgir uma oposição reorganizada, que encontra cada vez mais espaço e se fortalece como aposta para a próxima eleição e de outro, a escolha por um nome capaz de contrapor-se a essa força combativa. Nesse caso, a dúvida paira sobre duas fortes lideranças políticas: o vice-prefeito Vitão e a vereadora reeleita Helô. Duas lideranças e dois cenários diferentes.
A projeção política estadual no PR e o fortalecimento da vereadora Helô nas últimas eleições como vereadora mais votada no município apontam uma projeção política ascendente de uma mulher jamais vista no município. A sua anunciada candidatura para deputada estadual será um termômetro para avaliar a sua força política interna na cidade. Se for bem votada, se fortalecerá como provável nome para a próxima eleição, pelo fato de provar, concretamente, o seu eleitorado e reafirmar a sua curva política ascendente.
A SUCESSÃO DA POLÍTICA PARAIBUNENSE (A INEVITÁVEL ESCOLHA) – Continua
O Vitão iniciará, novamente, a sua trajetória como vice-prefeito devendo atuar como coadjuvante da política local, braço-direito do prefeito. Porém, agora o cenário é diferente. Vitão assumiu o PSDB que se constitui como um partido ascendente no município com eleição de 4 vereadores municipais. Caberá ao Vitão, a articulação dessa base do governo na Câmara sendo a sua chance de atuar como protagonista e reorganizar o grupo para assumir a liderança nas próximas eleições. Tudo isso será mais claro com o desenrolar das eleições para deputado estadual: Vitão apoiará a companheira de grupo político no município ou continuará apoiando o deputado estadual de seu partido ?
Barros, na posição de prefeito e liderança do grupo, terá uma difícil decisão: manter o poder ao alcance familiar apoiando uma liderança ascendente com altíssimas chances de sucesso na próxima eleição ou manter a palavra, apoiar um terceiro e correr o risco de quebrar o laço estreito que o mantém com o poder ?
Caso o Vitão seja candidato e eleito prefeito, uma nova situação, inevitavelmente, se imporá. O Barros não será mais prefeito, abdicará do poder e não terá mais a influência que tinha, pois os papéis estarão invertidos, o prefeito será o Vitão com a palavra final e o poder de decisão. Caso a Helô seja candidata e eleita prefeita, o poder ficará no círculo familiar, os laços com o poder ficarão fortalecidos e o seu poder de influência se manterá com volta programada à Prefeitura. Esse será o dilema do Barros: manter o acordo ou refazer o acordo em novos termos para manter o poder ?
A tese bastante comentada de que o Vitão será candidato a prefeito em 2016 e a Helô em 2020 é um conto da carochinha, pois, nenhum prefeito abdica de sua reeleição. Se assim o fizer, entrará em descrédito pessoal e jogará uma pá de cal em sua carreira política. Sendo assim, caso o acordo se mantenha, a candidatura da Helô só se daria em 2024, isso se o grupo mantiver o fôlego até lá e a oposição não quebrar esse círculo sucessório. E quem diz que a curva ascendente da Helô será mantida por tanto tempo ?
Estrategicamente, com a candidatura do Vitão, as chances da oposição aumentam porque o embate será entre uma liderança combativa e renovadora que a política do PT representa contra uma liderança carismática que representa o poder instituído sobre o qual paira crescentes críticas. Com a candidatura da Helô, as chances do grupo político atual aumentam porque o embate será entre duas lideranças combativas e a condição de mulher propõe, também, o simbolismo de renovação.
Caso a decisão do grupo seja pela vereadora, caberá ao Vitão o encerramento da sua ambição em ocupar a cadeira de prefeito e a continuidade como ator político coadjuvante, ou a candidatura própria com chances de ser eleito e inaugurar um caminho como liderança política atuante.
As possibilidades aqui cogitadas são um mero exercício de construção de cenários que procuram esclarecer o movimento da política local. Não confunda esse exercício com ficção e nem com a realidade nua e crua. Esse movimento está em andamento e desvela as decisões estratégicas necessárias para a manutenção de um projeto de poder. Quem viver, verá.
P. S. N. (Nasci em Paraibuna, hoje moro em São Paulo, mas prefiro manter o anonimato porque tenho parentes funcionários públicos que podem, infelizmente, ainda ser prejudicados com a minha opinião. Emito-a mas não fico omisso. Parabéns pelo blog !)
Excelente análise! É prazeroso poder contar com uma análise tão lúcida.
Você teve uma percepção exata: O Barros vai continuar no poder, mantendo-o em família, ou não?
Vou transformar seu comentário em post na próxima quarta-feira. Assim, ele pode ter uma divulgação exclusiva e contribuir para o amadurecimento do debate político na cidade.
Obrigado pela contribuição. Sinta-se à vontade para novos comentários e críticas quando achar necessário.
3 comentários:
A SUCESSÃO DA POLÍTICA PARAIBUNENSE (A INEVITÁVEL ESCOLHA)
Propor-se a um exercício de perspectivismo político é uma tarefa que demanda tempo, muita reflexão e intuições. Por isso, é demasiado precoce, em tempos de velocidade da informação, emitir, por impulso, uma opinião. Para não cometer análises precipitadas e infundadas, a preferência ao reexame das ideias que brotam impulsivas é um exercício que previne e, também, por outro lado, fortalece a argumentação. Mas, a internet é um veículo que exige um esforço de rapidez e de risco que tira do lugar confortável aqueles refletem demasiadamente e, assim, perdem o tempo do debate.
Desse modo, propor-se a esse exercício é, de um lado, deslocar-se do cotidiano, refletir e dialogar com diversas possibilidades e conjecturas e, de outro, atuar na fluidez do momento. Com esse intuito, transponho-me o limiar de leitor para escrever um comentário que propõe um exercício de tecer perspectivas de análise da política local sem apontar o caminho certeiro, mas possibilidades de conjunção.
Sendo assim, num primeiro momento, a reeleição do atual prefeito Antonio Marcos de Barros constitui o resultado de dois movimentos muito bem conhecidos: a desmobilização da oposição pós-derrota em 2008 e uma gestão com alto fluxo de recursos públicos. Deixarei para outro momento, a análise desse período transcorrido e focarei a análise no caminho pós-reeleição conforme o debate em curso.
É de conhecimento, que a abundância de recursos dos primeiros anos de governo irá declinar e cessar como previsto. O caminho descendente de toda curva ascendente chegará de maneira inevitável, se já não se iniciou com as recentes notícias de corte de gastos na Prefeitura Municipal.
Mas o mais provável, no momento, é que essas notícias são o indício de que o Barros fez o que todo prefeito faz em ano eleitoral (será?) , isto é, aposta todas as fichas nos meses que antecedem o pleito promovendo a aparência de “super máquina” e, depois, inicia um processo de enxugamento dos gastos para chegar ao fim do mandato atendendo as metas fiscais. Nesse caso, a lógica pós-eleitoral é cruel: para que se preocupar com a impopularidade se o fato já se consumiu ? Para que se preocupar com a impopularidade agora, se o prefeito eleito terá mais quatro anos para reverter esse curto período de insatisfação ?
O Barros poderá fazer uma administração impopular no período pós-eleitoral e nos primeiros anos e, depois, reativar a popularidade com uma administração de benesses como estratégia política para eleição do seu sucessor ou sucessora. A tese é de que nenhuma liderança ou grupo político atuará para a perda da sua própria hegemonia política, pelo contrário, fortalecerá ainda mais o estreito laço com o poder. Aí é que mora a dúvida que cerca a sucessão. O atual prefeito e o grupo político encontrar-se-ão de saia ou calça justa ?
De um lado, o grupo vê surgir uma oposição reorganizada, que encontra cada vez mais espaço e se fortalece como aposta para a próxima eleição e de outro, a escolha por um nome capaz de contrapor-se a essa força combativa. Nesse caso, a dúvida paira sobre duas fortes lideranças políticas: o vice-prefeito Vitão e a vereadora reeleita Helô. Duas lideranças e dois cenários diferentes.
A projeção política estadual no PR e o fortalecimento da vereadora Helô nas últimas eleições como vereadora mais votada no município apontam uma projeção política ascendente de uma mulher jamais vista no município. A sua anunciada candidatura para deputada estadual será um termômetro para avaliar a sua força política interna na cidade. Se for bem votada, se fortalecerá como provável nome para a próxima eleição, pelo fato de provar, concretamente, o seu eleitorado e reafirmar a sua curva política ascendente.
A SUCESSÃO DA POLÍTICA PARAIBUNENSE (A INEVITÁVEL ESCOLHA) – Continua
O Vitão iniciará, novamente, a sua trajetória como vice-prefeito devendo atuar como coadjuvante da política local, braço-direito do prefeito. Porém, agora o cenário é diferente. Vitão assumiu o PSDB que se constitui como um partido ascendente no município com eleição de 4 vereadores municipais. Caberá ao Vitão, a articulação dessa base do governo na Câmara sendo a sua chance de atuar como protagonista e reorganizar o grupo para assumir a liderança nas próximas eleições. Tudo isso será mais claro com o desenrolar das eleições para deputado estadual: Vitão apoiará a companheira de grupo político no município ou continuará apoiando o deputado estadual de seu partido ?
Barros, na posição de prefeito e liderança do grupo, terá uma difícil decisão: manter o poder ao alcance familiar apoiando uma liderança ascendente com altíssimas chances de sucesso na próxima eleição ou manter a palavra, apoiar um terceiro e correr o risco de quebrar o laço estreito que o mantém com o poder ?
Caso o Vitão seja candidato e eleito prefeito, uma nova situação, inevitavelmente, se imporá. O Barros não será mais prefeito, abdicará do poder e não terá mais a influência que tinha, pois os papéis estarão invertidos, o prefeito será o Vitão com a palavra final e o poder de decisão. Caso a Helô seja candidata e eleita prefeita, o poder ficará no círculo familiar, os laços com o poder ficarão fortalecidos e o seu poder de influência se manterá com volta programada à Prefeitura. Esse será o dilema do Barros: manter o acordo ou refazer o acordo em novos termos para manter o poder ?
A tese bastante comentada de que o Vitão será candidato a prefeito em 2016 e a Helô em 2020 é um conto da carochinha, pois, nenhum prefeito abdica de sua reeleição. Se assim o fizer, entrará em descrédito pessoal e jogará uma pá de cal em sua carreira política. Sendo assim, caso o acordo se mantenha, a candidatura da Helô só se daria em 2024, isso se o grupo mantiver o fôlego até lá e a oposição não quebrar esse círculo sucessório. E quem diz que a curva ascendente da Helô será mantida por tanto tempo ?
Estrategicamente, com a candidatura do Vitão, as chances da oposição aumentam porque o embate será entre uma liderança combativa e renovadora que a política do PT representa contra uma liderança carismática que representa o poder instituído sobre o qual paira crescentes críticas. Com a candidatura da Helô, as chances do grupo político atual aumentam porque o embate será entre duas lideranças combativas e a condição de mulher propõe, também, o simbolismo de renovação.
Caso a decisão do grupo seja pela vereadora, caberá ao Vitão o encerramento da sua ambição em ocupar a cadeira de prefeito e a continuidade como ator político coadjuvante, ou a candidatura própria com chances de ser eleito e inaugurar um caminho como liderança política atuante.
As possibilidades aqui cogitadas são um mero exercício de construção de cenários que procuram esclarecer o movimento da política local. Não confunda esse exercício com ficção e nem com a realidade nua e crua. Esse movimento está em andamento e desvela as decisões estratégicas necessárias para a manutenção de um projeto de poder. Quem viver, verá.
P. S. N. (Nasci em Paraibuna, hoje moro em São Paulo, mas prefiro manter o anonimato porque tenho parentes funcionários públicos que podem, infelizmente, ainda ser prejudicados com a minha opinião. Emito-a mas não fico omisso. Parabéns pelo blog !)
Amigo,
Excelente análise! É prazeroso poder contar com uma análise tão lúcida.
Você teve uma percepção exata: O Barros vai continuar no poder, mantendo-o em família, ou não?
Vou transformar seu comentário em post na próxima quarta-feira. Assim, ele pode ter uma divulgação exclusiva e contribuir para o amadurecimento do debate político na cidade.
Obrigado pela contribuição. Sinta-se à vontade para novos comentários e críticas quando achar necessário.
Abraço.
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