Ainda não concluí nada, mas andei pensando na interferência que a cultura sofre.
Desde algum tempo, principalmente, a norte-americana (por enquanto a dominante), modifica a nossa música, as nossas roupas, os nossos filmes, a nossa literatura e tudo o mais. Outro exemplo, é a interferência da mídia, que faz com que o carnaval e a música nordestina cheguem por estas bandas reduzidas a "Axé", mero produto, descaracterizado. Assim, num primeiro momento, um elemento modificador da cultura é visto como prejudicial.
Porém, o interessante é observar que este elemento modificador, daqui a 100 ou 200 anos, torna-se um elemento agregador. Enquanto hoje modifica a cultura, no futuro, talvez seja visto como uma evolução desta. Aí, imagino a igreja católica aportando aqui nos primeiros séculos, modificando a cultura indígena de então, os negros africanos trazendo novos elementos. Quando chegaram aqui, descaracterizaram os costumes locais, mas, hoje, fazem parte desta cultura.
O maior problema disso tudo, e em razão da globalização, talvez seja a homogeneização, já que fica cada vez mais difícil a existência de grupos isolados que sigam uma evolução própria, com poucas interferências.
Mas a questão que fica é como lidar com essas interferências? Qual o limite? Ainda quero debater isso.
4 comentários:
Essa questão é bacana. Daí o problema de se falar em originalidade no Brasil. No Brasil o oringinal não significa o que significa aos alemães ou franceses por ex. Aqui original é resultado não origem; isso por que temos uma cultura de empréstimo, emprestamos do mundo para compor a nossa; ora isso foi cantado em verso e prosa pelo modernismo brasileiro e sua trupo, Mário, Oswald de Andrade e outros. Aqui reside também a miopia do movimento negro atual, que acredita que por meio de cotas e leis vai reescrever a história do negro, entendendo o negro como elemento destacado da cultura nacional e não resultado dela. Não há o negro aqui como há nos EUA, lá ouve preservação e afirmação, aqui houve mistura e reinvenção. É isso, Luciano Alvarenga
Bem observado, Luciano. Somente quanto à questão do negro é que tenho uma ressalva. Somos racistas velados, e acho que essa é a pior estirpe; daí, a situação acaba sendo mais delicada aqui no Brasil. Sou a favor das polítcas de cotas. O melhor caminho, a melhora na educação de base, não é de interesse do Estado. E, mesmo que fosse, os resultados tendem a demorar, talvez décadas, sacrificando-se mais gerações de excluídos. As cotas forçam a inclusão social, e, mesmo não sendo a melhor solução, acho que é o único jeito hoje. Obrigado, por comentar. Abraço.
Rogerio meu caro!Exelente explanação, mas existe um detalhe, a interferência cultural devida ao processo de globalização é de mão única, onde os donos do capital fazem da sua cultura um produto do qual o unico objetivo é extrair a mais-valia.Não há ai o interesse de troca de valores(culturais).È Com relação ao comentario ai de cima sobre a manifestação dos negros tenho a dizem que estes estão a quebrar um paradigma social e não cultural. A cultura e a musica, arte cinematografica, visual, a social esta contida a idéia de condição.Tá ai o que tinha para falar.
Joel Reis
Joel, concordo com você. Mas a inteferência cultural não se dá, na maioria das vezes, do dominador sobre o dominado? Concordo com os danos. Porém, é essa interferência que vai modelar a cultura atual para daqui a uns 100 anos. Ainda não cheguei a sólidas conclusões aqui. De acordo, também, quanto à observação sobre as cotas raciais. Abraço.
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