Trata-se de um documentário sobre o corpo-seco, um personagem popular da tricentenária e matuta cidade de Paraibuna. Ele, historicamente, foi um cidadão, identificado, com família ainda viva, que morreu há mais de um século. Como era muito mau, a terra o expelia no cemitério; o céu e, até mesmo, o inferno o rejeitam, impossibilitando o descanso eterno. Por esta razão, o padre teve que retirá-lo da cidade, levando-o, numa procissão, a uma região de mata distante; hoje, conhecida como o Morro do Corpo-Seco. Lá, murcho como que se tivesse secado toda a água do corpo, ele fica isolado, sendo respeitado e assombrando os incautos que resolvem incomodá-lo.
O documentário será apresentado por um paraibunense carismático, com trejeitos caipiras. Ele entrevistará os idosos e jovens que viram a assombração, ou acreditam na sua existência. Na edição, esses relatos serão dispostos em seqüência de forma a introduzir o Morro do Corpo-Seco, o corpo-seco e sua história e expor os causos mais fantásticos, dando uma lógica narrativa, como peças de um quebra-cabeça se encaixando. Por último, já com todas as histórias na cabeça, o protagonista passará uma noite sozinho no morro, com uma fogueira, preparando um café, e proseando com a câmera, posta em um tripé. Na edição, intercalando a vigília com os depoimentos, criar-se-á um clima de suspense, enriquecido pelos “imprevistos previsíveis”, como barulhos, sustos e declarações interessantes do apresentador, ao estilo “reality show”. O bacana é que as entrevistas entrecortando a espera do protagonista, a linha narrativa principal, ainda podem soar como se fossem “flashbacks”, compondo o clima pretendido.
Paralelamente, toda essa produção deverá ser filmada, como um “making-off”; exceto a vigília, para não a desaclimatar. Essa filmagem de reserva é importante já que alguma eventualidade, como perda das imagens da guarda ou o medo do protagonista interrompendo a mesma, pode prejudicar a idéia inicial. Também há, claro, a possibilidade de o próprio corpo-seco, importunado, não permitir o término das gravações. Nessas hipóteses, o “making-off” seria o documentário, intercalado pelos relatos.
O objetivo do filme é registrar, com respeito, a riqueza desse material existente em Paraibuna, que consiste na variedade de lendas e credulidade nas mesmas. Além disso, o acompanhamento da vigília no estilo “reality show”, gerando ou não situações inusitadas, tornar-se-á a peculiaridade da obra.
(Projeto de curta-metragem inscrito no Concurso de Histórias do Revelando os Brasis Ano III)
4 comentários:
Ficou muito legal, Rogério! A idéia é criativa e o próprio roteiro já ficou engraçado: "há, claro, a possibilidade de o próprio corpo-seco, importunado, não permitir o término das gravações" hehe. Vc está certo, a melhor forma de vender uma história é acreditando nela! Espero q seu roteiro seja selecionado! Bjs
Clara, que bom que você gostou! Fico feliz. Vamos ver no que dá... Beijo.
P.S. Você não acredita nele?!
eu acredito nesse tau de corpo se mas com os anos ja deve ter virado po!
concordo! deve se ter muito cuidado para n se sujar a camisa com o po podre do corpo seco(serio!)
Postar um comentário