O levante de junho
ficou caracterizado pela presença maciça da classe média nas ruas por todo o
país, em meio a representantes de vários estamentos sociais. Com demandas
difusas, algumas legítimas, as bandeiras iam do combate à corrupção à melhoria
dos serviços públicos. Também havia coisas lamentavelmente ridículas como o
pleito pela volta dos militares ao poder.
O que levou essa massa cheirosa à
rua é uma conjunção de motivos. Todo o mundo tem a sua teoria, aí vai a minha.
São três as razões:
1 – O ódio midiático
Primeiramente, desde
que Lula subiu ao poder, os principais grupos de mídia no Brasil (Globo, Abril,
Folha e Estadão) vem bombardeando a população com moralismos rasos e teses
apocalípticas. Daí a criar cenas ridículas como a ficha falsa de Dilma na
Folha, o escândalo da bolinha de papel na Globo, o “super-herói” Demóstenes
Torres na Veja e as declarações “bombásticas” do Marcos Valério na primeira
página do Estadão.
Assim, para essa classe
média, consumidora dessas mídias, o país esta um caos. Desconhecem ou fazem
vistas grossas à redução da desigualdade social, exemplo para o mundo, ou mesmo aos indicadores econômicos –melhores que os deixados por FHC.
A coisa é tão grave que
numa escola particular das mais renomadas, e cara, aqui da região, crianças de
oito anos vão interpretar Lula e Dilma numa peça satírica na qual ambos são
dois patetas corruptos.
2 – A oposição medíocre
Bem, a esse caos,
junta-se a mediocridade da oposição. O país “estaria cada vez pior”, mas eles
não conseguem dar uma alternativa. Não conseguem debater dentro do campo
democrático, dentro das regras do jogo.
Assim, a classe média
acredita viver no pior dos mundos e não tem quem a represente dentro do campo
político, que seja capaz de mudar essa situação. Quem não consegue jogar dentro
das regras, quer novas regras. Daí defenderem impeachment, prisões sem
processos e outras idiotices do gênero.
Isso é culpa de uma oposição
sem proposta, sem projeto.
3 – MPL e redes sociais
E, por fim, o MPL e as
redes sociais. O movimento passe livre em São Paulo, e por todo o país, levou
jovens de classe média para se manifestar nos centros da cidade. Quando a PM
paulista agiu daquela forma absurda na primeira semana da manifestação, as
redes sociais possibilitaram a divulgação imediata e em massa. Foi o estopim. A
comoção nacional foi geral, a classe média que já vivia em ponto de ebulição,
pelo ambiente criado conforme itens 1 e 2, explodiu e, por meio da rede,
conseguiu se organizar rapidamente e agir no calor do momento. De qualquer
forma, se não fosse agora, seria em algum momento do futuro.
Esta é a equação: ódio +
impotência + oportunidade = reação.
Agora estamos vendo outros
setores aproveitando a oportunidade do momento para também manifestarem suas
insatisfações e ambições. Se essas demandas não conseguirem ser canalizadas
para soluções democráticas, inclusive visando à melhora das próprias
instituições, os resultados podem ser desastrosos, como já vimos.
LEIA TAMBÉM
#abelgicaacordou
Grandes poderes trazem grandes responsabilidades
Nenhum comentário:
Postar um comentário