segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ávido

Deitado. Olheiras profundas. A saliva escorre para um poça d'água, fétida. Anoréxico. Roupas puídas. Escuro demais para alguém distingui-lo dos sacos de lixo. Esquecido numa rua sem saída, numa vida sem saída. Ah, se pudesse morrer de uma vez...

Não respira. Não pensa. Mas parece que mexeu a perna. Está faminto. Mais do que pode aguentar. Sem sequer ter forças para se levantar. Mas mexeu a perna. Para as horas em que já ficou naquele canto, diria até que está agitado demais. Acho que sentiu alguma coisa.

De longe ele percebe o cheiro. O estômago ronca. Um arrepio percorre-lhe a espinha. Mas não tem forças. Ele não vai se levantar. Sua mente vai.

O pensamento sai daquela rua escura, vira a esquina. E a encontra. Aaahh, que delícia! É exatamente o que ele precisa. Farto. Saboroso.

Mentalmente ele traz o alimento. Vem com ele pela esquina. Entra na rua. Lentamente caminha até ele, entre os sacos de lixo. Chega o mais perto possível do seu rosto, da sua boca. A centímetros de distância. E agora?

Ele dá o bote. Cobre o corpo da vítima com sua capa negra. Ninguém vê, mas ele está chupando todo o sangue daquela até então serelepe estudante. Um pouco mais baixa que você. Morena, com uns óculos bem grossos. Pelos livros, estava estudando biologia.

Quando ele tiver terminado, estará recuperado. Pronto para buscar sua vingança.

Nenhum comentário:

Receba as atualizações do meu blog no conforto do seu e-mail!

Digite o seu endereço de e-mail e clique em "Subscribe":

Delivered by FeedBurner